sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Como Hitler, Bolsonaro defendeu a eugenia e mostrou perversidade e desprezo pela vida

 


Na lenta gênese do nazismo, não faltaram alertas sobre a tragédia que se desenvolvia. Mas sua dimensão só ficou evidente após o julgamento dos crimes no Tribunal de Nuremberg e a descoberta dos campos de concentração, que traduziram o horror em imagens. Com a conclusão dos trabalhos da CPI da Covid, o Brasil está enfrentando seu momento Nuremberg. É hora de compreender a extensão da catástrofe perpetrada pelo presidente e por seus asseclas. E é o que a comissão está fazendo. Renan Calheiros deve entregar o relatório final nesta terça-feira, 19, e ele será votado no dia seguinte.

O senador confirmou à ISTOÉ: o documento vai apontar que Bolsonaro adotou práticas do regime nazista. Calheiros o chama de “mercador da morte”. Segundo ele, dois casos aterradores, em especial, remetem a experiências macabras do Terceiro Reich com seres humanos: o caso Prevent Senior e uma pesquisa com proxalutamida que teria levado 200 voluntários à morte no Amazonas.

A Prevent é acusada de obrigar médicos a prescrever remédios sem eficácia do kit-Covid, de ter conduzido um pseudoexperimento e de mudar certidões de óbitos (omitindo os causados pela doença). No caso da proxalutamida, droga defendida por Bolsonaro e estudada para tumores de mama e próstata, os responsáveis haviam recebido autorização para uma pesquisa com 294 voluntários em Brasília. Mas ela foi aplicada no Amazonas em 645 pessoas. Além disso, o Conep (entidade responsável por regular a participação de voluntários em pesquisas) denunciou em setembro à Procuradoria-Geral da República que foram alteradas informações sobre o critério de inclusão de voluntários e pacientes falecidos. Apesar de os pesquisadores terem conhecimento dos sucessivos óbitos e eventos adversos graves, continuaram com o recrutamento e os estudos.

A Unesco considerou essa prática uma das infrações éticas mais graves da história da América Latina e pediu o monitoramento da comunidade científica nacional e internacional. “É inaceitável que esses tipos de eventos estejam acontecendo em 2021. Nenhuma emergência sanitária ou contexto político ou econômico justifica fatos como esses”, disse a organização em nota. Essas práticas não aconteceram à revelia das autoridades. O próprio presidente negligenciou as vacinas, propagandeou fármacos milagrosos, promoveu notícias falsas e sugeriu a invasão de hospitais. Tinha conhecimento da suspeita de corrupção na venda de imunizantes e nada fez. Por causa disso, Bolsonaro deve ser indiciado por 11 crimes. As denúncias incluem charlatanismo (três meses a um ano de prisão), publicidade enganosa (três meses a um ano de prisão), infração de medida sanitária (um mês a um ano de prisão) e corrupção passiva (dois a treze anos de prisão). Também entraram no rol de acusações: o genocídio e o crime de responsabilidade, passível de impeachment.

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